sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Principal causa de morte entre idosos, quedas podem diminuir com exercício

Na terceira idade, um simples desequilíbrio é capaz de causar prejuízos sérios à saúde. Fortalecimento muscular traz mais estabilidade e segurança



A quantidade de idosos internados com fraturas causadas por quedas cresce de forma alarmante. Os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) no tratamento de pacientes daterceira idade aumentam a cada ano, só em 2009 foram quase R$ 81 milhões. Um simples desequilíbrio pode causar sérios prejuízos à qualidade de vida daqueles que têm mais de 60 anos e, nos casos mais graves, o acidente pode até levá-los à morte.

Segundo a especialista em fisiologia do exercício Laina Saurin, que trabalha há mais de dez anos com idosos, a queda e as complicações dela decorrentes são as principais causas de morte na terceira idade. De acordo com pesquisas, aproximadamente 30% das pessoas com mais de 65 caem ao menos uma vez por ano.
- A consequência mais temida das quedas é a fratura, principalmente a do colo do fêmur. Ela exige tratamento cirúrgico e um longo período de repouso - alerta o fisiologista Turibio Barros.
A grande incidência de quedas entre idosos está associada, principalmente, a alterações típicas doenvelhecimento, como problemas de visão, redução da massa óssea, deficiência auditiva, dificuldade de equilíbrio, perda progressiva da força nos membros inferiores e uso inadequado de medicamentos.
- Os maiores problemas que os idosos enfrentam, em geral, decorrem da desaceleração natural que acontece nesta fase da vida. O decréscimo do sistema neuromuscular, a perda de massa muscular, a redução da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade, além da limitação da capacidade de coordenação e do controle do equilíbrio corporal, podem acarretar quedas frequentes - explica Laina.
Além das mudanças naturais que ocorrem com o aumento da idade, algumas doenças também potencializam os riscos de acidentes. O infarto, a labirintite, a insuficiência cardíaca, doenças neurológicas, hipotensão postural - dificuldade de manter a pressão arterial ao levantar -, AVCs, diabetes, entre outras, também são causas recorrentes.
- Muitas doenças degenerativas comuns na velhice são agravadas pela diminuição das atividades físicas e a redução da capacidade de manter o equilíbrio corporal, que são fundamentais para a adoção de um estilo de vida independente - afirma a especialista.
Independentemente do motivo, os acidentes podem ser evitados com o aumento do equilíbrio e o fortalecimento da musculatura através da prática regular de exercícios físicos. A musculação é capaz de melhorar a mobilidade e a qualidade de vida dos idosos, mesmo no caso daqueles que sofrem de doenças crônicas.
- Além dos benefícios para a mobilidade e equilíbrio, a atividade física moderada auxilia no controle e prevenção de doenças, como diabetes, problemas posturais, doenças cardíacas e pulmonares - ensina Laina.
- A atividade física é, sem dúvida, a melhor intervenção, pois faz desacelerar a perda de massa muscular, podendo promover um ganho de massa magra, reduz o sobrepeso, que pode ser considerado outra causa de quedas, previne o desequilíbrio e promove o ganho de massa óssea, fortalecendo os ossos e reduzindo o risco de fraturas - enumera Turíbio.
Com o envelhecimento, há também uma redução na absorção de cálcio, nutriente responsável pelo fortalecimento da estrutura óssea. Portanto, a alimentação pode contribuir para a redução dos acidentes entre os idosos. O aumento da ingestão de produtos lácteos, como iogurtes e queijos, ajuda na prevenção e tratamento da osteoporose - doença que diminui a quantidade de massa óssea –, o que deixa os idosos menos vulneráveis a quedas.
- O consumo de cálcio, os exercícios físicos e a exposição à luz solar, que promove a síntese de vitamina D na pele, melhoram a densidade mineral óssea e a força muscular, diminuindo as quedas e o risco de fraturas - explica a nutricionista Cristiane Perroni. 
Além de reduzir a incidência de quedas, o treinamento físico também diminui o medo de cair que leva as pessoas com mais de 60 anos a restringirem suas atividades, se tornando cada vez mais dependentes. Levantar da cama, se vestir, tomar banho e abaixar passam a ser tarefas fáceis outra vez.
- Muitas vezes o indivíduo perde sua independência por medo de cair de novo, e passa a precisar de ajuda até para tarefas corriqueiras, tais como entrar no carro e subir escadas. Até o deslocamento dentro de casa fica comprometido - observa Laina.
- A inatividade representa um sério problema, pois a falta de atividade física faz acelerar a perda das massas muscular e óssea, criando um círculo vicioso - revela Turibio.
- Sempre fiz caminhada e há dois anos pratico musculação. A atividade física melhorou muito a minha saúde, diminuindo o colesterol, a pressão e aumentando o meu equilíbrio. Antes eu tropeçava muito. Agora tenho muito mais equilíbrio para andar e executar as minhas atividades diárias com total independência - conta Geraldo Pereira, de 89 anos.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Três idosos são internados a cada hora em São Paulo devido a lesões causadas por queda


Três idosos são internados por hora em hospitais públicos do estado de São Paulo em decorrência de lesões causadas por quedas, de acordo com levantamento feito pela Secretaria Estadual da Saúde. Segundo os dados, em 2012 houve 27.817 internações de pessoas com 60 anos ou mais em serviços hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde). Do total, 60% das internações foram de mulheres com mais de 60 anos.
De acordo com o geriatra e coordenador médico do Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (IPGG), unidade de saúde instalada na zona leste da capital paulista, Anderson Della Torre, o número é maior em mulheres, pois as idosas tendem a ser mais ativas e possuem menos massa muscular do que os homens. “Normalmente, as mulheres também são mais atingidas pela osteoporose, apesar de a doença também atingir os homens”.
Segundo Della Torre, 3,7% dos idosos entre 60 e 69 anos cai uma vez por ano, enquanto essa porcentagem chega a 7% para a faixa de 70 a 79 anos. Já entre os maiores de 89, 27% têm pelo menos uma queda ao ano. “O número de quedas é elevado, por isso há muitas internações. É muito comum que eles sofram lesões ósseas que os levem à imobilidade momentânea ou mesmo à dependência, posteriormente”.
Della Torre destacou que o uso de medicamentos e o comportamento dos idosos também podem ser apontados como causadores de quedas. Idosos mais ativos, que tendem a realizar atividades principalmente dentro de casa, possuem maior risco. “Um dos maiores motivos de quedas em idosos é a falta de equilíbrio e a perda de massa muscular, que ocorrem naturalmente com o avanço da idade”, explicou.
Por isso, o médico alerta sobre a importância da fisioterapia para fortalecer a musculatura e reforçar o equilíbrio. “Essa intervenção vai gerando confiança na marcha. É preciso gerar confiança, para que o idoso volte a andar com tranquilidade, porque depois de um tombo ele pode desenvolver um medo de quedas e acabar se isolando”.
Ao desenvolver o medo de cair, o idoso pode piorar sua situação. “Ele limita sua vida e assim, para de fazer atividade física, porque diminui a massa muscular por falta de exercício. Para de fazer as coisas que fazia, diminui sua exposição à vida social e isso leva à depressão, que muitas vez precisa ser tratada com medicamentos”, disse Dalla Torre.
Ele também destacou que as fraturas podem evoluir para doenças mais graves, devido à imobilidade do paciente. Por não levantar da cama, o idoso fica também mais suscetível a doenças crônicas que levam à morte.
Para evitar quedas, o médico recomenda atitudes e mudanças simples, como fazer atividades para reforço muscular e equilíbrio; utilizar calçados fechados ou que possam ser presos ao redor dos calcanhares; retirar possíveis obstáculos à circulação, como mesas de centro; colocar os objetos mais utilizados no dia a dia em prateleiras baixas ou em locais de fácil alcance; e tomar cuidados com os tapetes, principalmente no banheiro.
Além disso, o médico diz que o idoso, quando sofrer alguma queda, deve procurar um médico imediatamente para investigar qual o motivo do acidente. Em caso de idosos que já enfrentam falta de equilíbrio em grau elevado, é recomendável que sejam instaladas adaptações em casa, como corrimãos, elevação dos vasos sanitários e barras de apoio para sentar e levantar.
Fonte: Interfisio